Dificuldades da comunicação através do objeto de arte.
Apesar de ser este um blog no qual postamos conteúdos de caráter teórico, gostaria de contribuir com algumas conclusões e reflexões acerca da intervenção urbana de caráter prático conquistadas no trabalho de rua e do dia-a-dia.
Em um primeiro momento, não achei pertinente dividir estas conclusões com o grupo por se tratar de uma experiência individual mas, analisando com calma, percebi que as impossibilidades, possibilidades, erros, acertos de um trabalho prático poderiam contribuir nas discussões do grupo.
Abaixo, estão três imagens de uma intervenção que realizei para a conclusão da Pós-Graduação em Arte e Contemporaneidade. É uma escultura em madeira que abraça a escultura de aço de Franz Weissmann na porta da Escola Guignard.
Na primeira imagem está a escultura de madeira que se entrelaça à escultura de Weissmann. Na segunda imagem, a escultura de madeira que desaba aos poucos. Na terceira, a escultura quase toda no chão.
Todo o processo desta intervenção me fez lembrar a Roda da Fortuna. Ascensão e queda. O belo do início e o feio do final. Não que tivesse sido proposta do trabalho, mas pela seqüência de acontecimentos durante sua exposição. As formas eram leves, belas aos olhos e mantinham uma harmonia com a escultura já existente do Weissmann. A estrutura de madeira foi desabando no decorrer dos dias e este fato, que possibilitou inúmeras conclusões em torno da pesquisa nos espaços urbanos, embora não desejado, sempre foi uma possibilidade, por ser uma estrutura leve e que estava fora da galeria. Já era previsto que talvez o vento forte ou a interação direta com o público pudesse causar avarias no objeto. O desabamento chamou mais a atenção do que as propostas do trabalho. Propostas estas que se baseavam em duas questões que me pareciam óbvias, mas que o processo mostrou o contrário. São elas: Porque uma intervenção contemporânea em uma escultura de 1950, 1960? Porque uma escultura tão leve (a de madeira) não estava na segurança propiciada pela galeria junto com os outros trabalhos? Lembro-me agora do que disse a convidada do Café Kilimanjaro, Áurea de Araújo Porto, que o fracasso depende do ponto-de-vista de quem o analisa. A preocupação e a dificuldade que temos de trabalhar com o acaso e com o que foge ao nosso controle fez com que houvesse uma falha na comunicação. O desabamento, que para a maioria era erro, para mim era possibilidade; e o que para mim era erro (impossibilidade de me fazer entender), para os passantes não era nada.
Apesar da idéia, do conceito, da realização do trabalho, das conclusões, dos erros, dos acertos e das impossibilidades, o que é mais satisfatório nestes trabalhos com intervenções são os pequenos resquícios e sobras das ações. Se olharmos com calma na última imagem, veremos que um novo espaço foi modificado atrás da escultura de aço. Houve uma nova interferência no gramado com pequenas flores de arame e plástico. Talvez feita por uma pessoa que tenha sido a única a perceber o que realmente eu quis comunicar.
Documentação, ponto de encontro e divulgação dos eventos.
Responsável: Graziella Giannini - Cursa Jornalismo no Pitágoras, bolsista do Grupo de Pesquisa "Memória, Mímese e Amnésia" na EBA/UFMG
Contato: eventosobreevento@gmail.com
Sobre os Participantes
√ Alexandre Sequeira: graduado em arquitetura, é viajante e andarilho solitário. Se utiliza da fotografia como meio de aproximação, como veículo de diálogo. Trabalhou com artes gráficas e publicidade, é hoje artista professor da UFPA e também exerce atividade curatorial (Arte Pará, Rumos Itaú etc.).
√ Alexandre Queiroz: engenheiro civil, mas, atraído pelo desenho decidiu-se por cursar artes. atua hoje nas áreas de pintura e escultura. Procura a presença do invisível produzindo telas coloridas das quais a cor foi subtraída.
√ Angélica Oliveira: Graduada em desenho pela EBA-UFMG e Especialista em Filosofia pela FAFICH-UFMG. Trabalhou como designer de moda e atualmente investiga as relações entre filosofia e moda. Pesquisa no mestrado a Anti-Moda e a Arte da vanguarda no início do século XX. É docente nos cursos de Design de Moda da FUMEC, UFMG e UEMG.
√ Bya Medeiros: Vive e trabalha em Divinópolis/ MG. Intenta o mestrado e se interessa por quase todas as manifestações artísticas, sobretudo as contemporâneas. Seu projeto discute também a arte e o ativismo.
√ Camila Gomes: formada em fonoaudiologia, fez graduação e especialização na Escola Guignard. Se interessa por intervenção urbana e relações institucionais.
√ Camila Buzelin: formada em Artes Plásticas pela Escola Guignard, trabalha com teatro e artes visuais. Se interessa por performance e intervenção urbana, causando tensões no cotidiano da cidade.
√ Flavia Coelho: gaúcha, formada em Artes, atualmente é pós-graduanda em Comunicação e cultura, procura mais por teoria em artes, já que no Rio Grande do Sul teve mais incentivo pela prática. O que te move em artes é a Apropriação.
√ Flavia Dutra: artista Plástica, fez mestrado na Escola de Belas Artes. Estudou Marcel Duchamp em sua dissertação. Trabalha sob forma de projetos.
√ Ines Linke: artista plástica e doutoranda em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG. Desenvolve trabalhos coletivos e cenografias a partir de conceitos de apropriação e intervenção em espaços existentes.
√ João Castilho: jornalista que trabalhou com fotojornalismo, o que o fez, paralelamente, pensar na fotografia como arte. No Mestrado na EBA-UFMG pesquisa o trabalho fotográfico de Robert Smithson e faz investigações em vídeo. Leitor assíduo começou a perceber as relações entre seu trabalho e a literatura, pois também escreve.
√ João Cristeli: professor de cerâmica da Escola de Belas Artes da UFMG. Foi também professor da Universidade de Uberlândia. Durante o Mestrado pesquisou o objeto na arte no século XX. Sua pesquisa de Doutorado, em andamento, consiste no estudo de painéis de azulejo presentes na arquitetura modernista mineira.
√ Mabe Bethônico: se interessa por pesquisa, como pretexto para diálogo e aproximação com outras instituições, e sempre buscou deslocamento através do trabalho.
√ Marcelle Louzada: artista de dança desenvolve trabalhos no contexto urbano tendo o corpo como principal referencial. Graduada em psicologia, desenvolve pesquisa no mestrado em artes focado nas relações arte e subjetividade. Interessa-se pela dança inserida nas paisagens urbanas.
√ Marco Antônio Mota: mestrando em artes pela EBA-UFMG. Se interessa pelas formas de diálogo, pela arte conceitual, pela arte como projeto, literatura francesa contemporânea, George Perec, Jorge Machi, bulas, relações entre imagens e palavras e pela ficcionalização das coisas e dos acontecimentos.
√ Monica Vaz: graduada em Artes Visuais, habilitação em Artes Gráficas, pela EBA – UFMG. Sua área de atuação é a ilustração, desenho e Web. Seu trabalho é com a palavra manuscrita e a imagem. Sua pesquisa é sobre a poesia visual e a poesia sonora no futurismo e dadaísmo. Vê na pesquisa uma forma de pensar sobre o próprio trabalho.
√ Rodrigo Cristiano: designer gráfico por formação e (semi) artista plástico por paixão, pós-graduado em História da Arte e depois em Ensino de Artes visuais. Atualmente leciona no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais nos cursos de Publicidade e Jornalismo.
√ Samir Lucas: Mestrando do Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes da UFMG e graduado em pintura pela mesma instituição. Pesquisa a noção de "Neutro" como prática a partir das escrituras de Roland Barthes. Dedicou-se a fazer e comentar imagens utilizando, para isto, a pintura, a fotografia e o photoshop.
√ Simone Cortezão:Pesquisa pequenas geografias cotidianas, a produção de espaços e paisagens funcionais em meio urbano, a partir de diversas mídias e métodos para representar-las.
Sobre os Procedimentos
- Análise de obras e grupos que utilizam diálogo, entrevista, e/ou depoimento como meio ou elemento constitutivo, estudando suas dinâmicas e modos de registro; - Reconhecimento do grupo através de apresentação individual; - Identificação dos campos de conhecimento envolvidos nas produções e/ou pesquisas individuais; - Constituição de mapeamento de conteúdos; - Elaboração de evento; - Execução/ Efetivação do evento; - Edição.
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