quinta-feira, 16 de julho de 2009

Dificuldades da comunicação através do objeto de arte.

Apesar de ser este um blog no qual postamos conteúdos de caráter teórico, gostaria de contribuir com algumas conclusões e reflexões acerca da intervenção urbana de caráter prático conquistadas no trabalho de rua e do dia-a-dia.

Em um primeiro momento, não achei pertinente dividir estas conclusões com o grupo por se tratar de uma experiência individual mas, analisando com calma, percebi que as impossibilidades, possibilidades, erros, acertos de um trabalho prático poderiam contribuir nas discussões do grupo.

Abaixo, estão três imagens de uma intervenção que realizei para a conclusão da Pós-Graduação em Arte e Contemporaneidade. É uma escultura em madeira que abraça a escultura de aço de Franz Weissmann na porta da Escola Guignard.



Na primeira imagem está a escultura de madeira que se entrelaça à escultura de Weissmann. Na segunda imagem, a escultura de madeira que desaba aos poucos. Na terceira, a escultura quase toda no chão.

Todo o processo desta intervenção me fez lembrar a Roda da Fortuna. Ascensão e queda. O belo do início e o feio do final. Não que tivesse sido proposta do trabalho, mas pela seqüência de acontecimentos durante sua exposição. As formas eram leves, belas aos olhos e mantinham uma harmonia com a escultura já existente do Weissmann. A estrutura de madeira foi desabando no decorrer dos dias e este fato, que possibilitou inúmeras conclusões em torno da pesquisa nos espaços urbanos, embora não desejado, sempre foi uma possibilidade, por ser uma estrutura leve e que estava fora da galeria. Já era previsto que talvez o vento forte ou a interação direta com o público pudesse causar avarias no objeto. O desabamento chamou mais a atenção do que as propostas do trabalho. Propostas estas que se baseavam em duas questões que me pareciam óbvias, mas que o processo mostrou o contrário. São elas: Porque uma intervenção contemporânea em uma escultura de 1950, 1960? Porque uma escultura tão leve (a de madeira) não estava na segurança propiciada pela galeria junto com os outros trabalhos? Lembro-me agora do que disse a convidada do Café Kilimanjaro, Áurea de Araújo Porto, que o fracasso depende do ponto-de-vista de quem o analisa. A preocupação e a dificuldade que temos de trabalhar com o acaso e com o que foge ao nosso controle fez com que houvesse uma falha na comunicação. O desabamento, que para a maioria era erro, para mim era possibilidade; e o que para mim era erro (impossibilidade de me fazer entender), para os passantes não era nada.

Apesar da idéia, do conceito, da realização do trabalho, das conclusões, dos erros, dos acertos e das impossibilidades, o que é mais satisfatório nestes trabalhos com intervenções são os pequenos resquícios e sobras das ações. Se olharmos com calma na última imagem, veremos que um novo espaço foi modificado atrás da escultura de aço. Houve uma nova interferência no gramado com pequenas flores de arame e plástico. Talvez feita por uma pessoa que tenha sido a única a perceber o que realmente eu quis comunicar.

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